Reencontro

As palavras me atravessam, algumas frases soltas e sentimentos diversos. Fica tudo misturado, criando um caos na minha cabeça e vou ficando cada vez mais perdida. Meus pensamentos vão longe. 

Eu nunca fui de fazer esse exercício, de mentalizar qual seria a palavra pra definir um ano que começa. E, apesar de ter sido muito difícil, foi uma experiência interessante. Achei que esse texto nunca tomaria forma, até que eu olhei pra dentro e... É isso! Estava ali, o tempo todo.

Comecei o ano bem determinada sobre os meus objetivos nos próximos meses. E isso me fez chegar a uma conclusão: é um processo de reencontro.





Quando eu me dei conta, confesso que fiquei com um pouco de medo. E se eu me decepcionar na metade do caminho? E se eu não encontrar mais a pessoa que eu estou procurando? E se ela se foi para sempre?

Eu só vou saber as respostas se eu tentar, se eu me jogar nessa jornada. Talvez não seja um reencontro fácil, como também pode ser a coisa mais natural do mundo. A verdade é que tanta coisa mudou, que pode ser que eu não vá reencontrar 100% a Taís de 5 anos atrás. E tá tudo bem, também - é o que eu preciso dizer pra mim mesma.

A depressão, ansiedade e os traumas (e o luto) me fizeram ser uma pessoa que eu não reconhecia mais. Eu não fazia mais as coisas que eu gostava, eu me tornei muito mais introvertida, tinha medo, não me arriscava. Fazer uma coisa nova (ou até mesmo familiar) me dava uma crise de ansiedade ou pânico. Levantar da cama demandava uma energia emocional e física muito grande. Fazer trilha e chegar no topo de uma montanha então, nem se fala. Eu não me conectava mais com a fotografia, com o desejo de explorar o mundo, eu me fechei. 

A Taís que já viajou pra tanto lugar desconhecido, muitas vezes sozinha, em idiomas que não falava, se via morrendo de medo de sair na rua e encarar o idioma polonês, de encarar a nova cidade... Ela se via tendo crises de ansiedade dentro de um ônibus em um lugar com tanta história, com tanto pra ser explorado. A cidade conhecida como "a fênix que renasceu das cinzas". E eu me sentia idiota por pensar: Varsóvia conseguiu sair da pior, eu vou conseguir sair também.

Muitas coisas melhoraram bastante, mas ainda sei que tenho um caminho a percorrer pra me reencontrar novamente.

Além da saudade de muitas coisas, pessoas e lugares, eu tenho muita saudade de mim. Do que eu era antes. Sendo assim, a palavra pra 2025 é reencontro. Eu vou precisar muito me reencontrar pra chegar onde eu quero. Eu espero muito conseguir!




 

Esse post faz parte do grupo que a Amanda e a Ba criaram. O intuito é selecionar um tema para compartilharmos nossas perspectivas diferentes sobre os mesmos assuntos e trazer isso para os nossos blogs. Se essa ideia também te anima, você pode deixar um comentário no blog das meninas pra poder participar. O tema de janeiro é: a palavra do ano.

Quem participa também:
Ba MorettiWork of Art | Basicamente | Pétalas de Maio  | Histórico Infame



12 comments

  1. Espero que esse seja o seu ano de reencontro, acho que só pelo fato de você está olhando para isso, olhando para dentro e para uma taís que foi e quem poderá ser, o reencontro virá. Estando mais consciente do agora é a melhor coisa, espero muito que esse ano a gente esteja mais consciente da vida passando e que estamos nela s2.

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  2. Oi Tais! Já estive nesse mesmo lugar e com essa sensação. Espero que você se reencontre ou que encontre uma Tais melhor ainda... pq esse lugar da foto merece realmente ser explorado. Muito lindo!

    Abraços,
    Carol

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  3. Nossa, Tais, que texto lindo, que fotos lindas! Obrigada por partilhar um pouco do seu coração por aqui. Eu nem sei muito bem o que dizer... Fiquei muito tocada pelas suas palavras, especialmente por algumas comparações que você fez com o escalar de uma montanha e a cidade de Varsóvia. Desejo que 2025 seja um ano muito feliz, cheio de coragem e esperança. Parabéns por se permitir recomeçar, se reencontrar.

    https://petalasdemaioblog.wordpress.com/

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  4. tô gostando tanto de ler o texto de vocês sobre esse tema, caramba. esse teu mesmo me pegou viu ♥

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  5. Que post especial. Me encontrei em alguns trechos e me senti abraçada. Muito obrigada por ter compartilhado. Que 2025 seja um ano mais leve e que o reencontro aconteça da melhor forma possível ♡
    (fotos maravilhosas como sempre)

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  6. Amei. Um dia de cada vez até chegar onde desejamos e conseguimos.
    Muitas vezes não vamos reencontrar a pessoa que fomos anos atrás e tudo bem e que bom também. Sinal de que houve mudança, houve novas memórias e houve histórias.
    E nós reencontramos ou encontramos uma nova versão de nós mesmas faz parte e pode ser uma parte linda de nós. Cabe a nós treinarmos nossa mente para poder enxergar o "copo meio cheio"

    Beijos.


    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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  7. Li teu post e fiquei pensando "como é que alguém faz para se reencontrar?". Eu quero muito ver esse teu processo. Tu faria isso através de projetos artísticos? Sei lá, fiquei curiosa hehe.

    Amanda
    https://www.workofart.com.br/

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  8. Deve ser incrível morar na Polônia, é um país que pretendo conhecer ainda esse ano
    beijos ♥ blog | insta

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  9. Que texto lindo e tão profundamente humano! 💙 Me identifiquei muito com essa sensação de buscar um reencontro consigo mesma, de sentir saudade de quem já fomos e, ao mesmo tempo, entender que mudanças fazem parte do caminho. Sua honestidade ao compartilhar suas emoções torna esse processo ainda mais poderoso.

    A metáfora com Varsóvia me tocou de um jeito especial. Se uma cidade pode renascer das cinzas, nós também podemos – mesmo que o processo seja longo e cheio de incertezas. E, como você disse, talvez o reencontro não seja exato, talvez algumas partes fiquem no passado, mas isso não significa que a nova versão não possa ser igualmente (ou até mais) incrível.

    Torcendo muito para que 2025 seja um ano de reencontros bonitos, leves e cheios de significado para você. Estarei acompanhando e torcendo pelo seu processo!

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  10. Desejo que você já esteja se reencontrando e também adorei a comparação com a história de Varsóvia. Muito legal que vocês criaram um novo projeto, estar envolvida em algo assim ajuda muito nesse processo de se reencontrar. Já vou lá conferir os posts das outras participantes.

    Grande beijo!
    Alê.

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  11. Depois de ler sua metáfora sobre Varsóvia, lembrei de "O livro branco" da escritora coreana Han Kang. Ela escreveu o livro durante o tempo que morou em Varsóvia. A ideia do livro veio depois de visitar o Museu do Levante em Varsóvia e ver imagens da cidade destruída coberta por cinzas:

    “Naquele dia, voltando para casa, fiquei imaginando uma pessoa. Uma pessoa que foi destruída, mas persistentemente reconstruída. Seu destino se assemelhava ao daquela cidade."

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